Allan Kardec, pseudônimo de Hippolyte Leon Denizard Rivail, (1804 – 1869) foi o codificador do Espiritismo. Foi educador, escritor e tradutor francês
Allan Kardec nasceu em Lyon, França, no dia 3 de outubro de 1804. Tornou-se educador e entusiasta do ensino, tendo sido várias vezes convidado por Pestalozzi para assumir a direção da escola, na sua ausência. Durante 30 anos (de 1824 a 1854), dedicou-se inteiramente ao ensino e foi autor de várias obras didáticas, que em muito contribuíram para o progresso de educação, naquela época.
Em 1855, o prof. Rivail se depara, pela primeira vez, com o fenômeno das mesas que giravam, saltavam e corriam, em condições tais que não deixavam lugar para qualquer dúvida. Passa então a observar estes fenômenos; pesquisa-os cuidadosamente, graças ao seu espírito de investigação, que sempre lhe fora peculiar, não elabora qualquer teoria pré-concebida, mas insiste na descoberta das causas. Aplica a estes fenômenos o método experimental com o qual já estava familiarizado na função de educador, e partindo dos efeitos remonta às causas e reconhece a autenticidade daqueles fenômenos. Convenceu-se da existência dos espíritos e de sua comunicação com os homens.
Grande transformação se opera na vida do prof. Rivail: convencido de sua condição de espírito encarnado, adota um nome já usado em existência anterior, no tempo dos druidas: “Allan Kardec”. De 1855 a 1869, consagrou sua existência ao Espiritismo; sob a assistência dos Espíritos Superiores, representados pelo Espírito da Verdade, estabelece as bases da Codificação Espírita, em seu tríplice aspecto: Filosófico, Científico e Religioso.
Além das obras básicas da Codificação (Pentateuco Kardequiano), contribuiu com outros livros básicos de iniciação doutrinária, como: “O Que é o Espiritismo”, “O Espiritismo na Sua Mais Simples Expressão” e “Instruções Práticas Sobre as Manifestações Espíritas. A estas obras junta-se a “Revista Espírita”, jornal de estudos psicológicos, lançado a 1 de janeiro de 1858 e que esteve sob sua direção por 12 anos.
É também de sua iniciativa a fundação da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 1 de abril de 1858 – primeira instituição regularmente constituída com o objetivo de promover estudos que favorecessem o progresso do Espiritismo. Assim surgiu o Espiritismo com a ação dos Espíritos Superiores, apoiados na maturidade moral e cultural de Allan Kardec, no papel de codificador.
Com a máxima “Fora da caridade não há salvação”, procura ressaltar a igualdade entre os homens, perante Deus, a tolerância, a liberdade de consciência e a benevolência mútua. A este princípio cabe juntar outro: “Fé inabalável é aquela que pode encarar a razão face à face, em todas as épocas da humanidade”. Esclarece Allan Kardec: “A fé raciocinada que se apóia nos fatos e na lógica, não deixa qualquer obscuridade: crê-se, porque se tem certeza e só se está certo, quando se compreende”.
Allan Kardec faleceu em Paris, França, no dia 31 de março de 1869. Em seu túmulo, no cemitério de Père Lachaise (Paris), uma inscrição sintetiza a concepção evolucionista da Doutrina Espírita: “Nascer, Morrer, Renascer ainda e progredir sem cessar, tal é a lei”.
Fonte: União das Sociedades Espíritas de São Paulo.
Léon Denis (lê-se: dení) nasceu numa aldeia chamada Foug, situada nos arredores de Tours, em França, a 10. de Janeiro de 1846, numa família humilde. Cedo conheceu, por necessidade, os trabalhos manuais e os pesados encargos da família. Desde os seus primeiros passos neste mundo, sentiu que os amigos invisíveis o auxiliavam. Ao invés de participar em brincadeiras próprias da juventude, procurava instruir-se o mais possível. Lia obras sérias, conseguindo assim, com esforço próprio desenvolver a sua inteligência. Tomou-se um autodidata sério e competente.
Aos 18 anos tomou-se representante comercial da empresa onde trabalhava, fato que o obrigava a viagens constantes, situação que se manteve até à sua reforma e manteve ainda depois por mais algum tempo. Adorava a música e sempre que podia assistia a uma ópera ou concerto. Gostava de dedilhar, ao piano, árias conhecidas e de tirar acordes para seu próprio devaneio. Não fumava, era quase exclusivamente vegetariano e não fazia uso de bebidas fermentadas. Encontrava na água a sua bebida ideal.
Era seu hábito olhar com interesse, para os livros expostos nas livrarias. Um dia, ainda com 18anos, o chamado acaso fez com que a sua atenção fosse despertada para uma obra de título inusitado. Esse livro era “O Livro dos Espíritos” de Allan Kardec. Dispondo do dinheiro necessário, comprou-o e, recolhendo-se imediatamente ao lar entregou-se com avidez à leitura. O próprio Denis disse:
“Nele encontrei a solução clara, completa e lógica, acerca do problema universal. A minha convicção tornou-se firme. A teoria espírita dissipou a minha indiferença e as minhas dúvidas”.
O ano de 1882 marca, em realidade, o início do seu apostolado, durante o qual teve que enfrentar sucessivos obstáculos: o materialismo e o positivismo que olham para o Espiritismo com ironia e risadas e os crentes das demais correntes religiosas, que não hesitam em aliar-se aos ateus, para o ridicularizar e enfraquecer Léon Denis porém, como bom paladino, enfrenta a tempestade. Os companheiros invisíveis colocam-se ao seu lado para o encorajar e exortá-lo à luta. “Coragem, amigo” – diz-lhe o espírito de Jeanne – “estaremos sempre contigo para te sustentar e inspirar. Jamais estarás só. Meios ser-te-ão dados, em tempo, para bem cumprires a tua obra”. A 2 de Novembro de 1882, dia de Finados, um evento de capital importância produziu-se na sua vida: a manifestação, pela primeira vez, daquele Espírito que, durante meio século, havia de ser o seu guia, o seu melhor amigo, o seu pai espiritual – Jerônimo de Praga – que lhe disse: “Vai meu filho. Pela estrada aberta diante de ti. Caminharei atrás de ti para te sustentar”.
A partir de 1910, a visão de Léon Denis foi, dia a dia, enfraquecendo. A operação a que se submetera, dois anos antes, não lhe proporcionara nenhuma melhora, mas suportava, com calma e resignação, a marcha implacável desse mal que o castigava desde a juventude. Aceitava tudo com estoicismo e resignação. Jamais o viram queixar-se. Todavia, bem podemos avaliar quão grande devia ser o seu sofrimento. Apesar deste, mantinha volumosa correspondência. Jamais se aborrecia; amava a juventude e possuía a alegria da alma. Era inimigo da tristeza. O mal físico, para ele, devia ser bem menor do que a angústia que experimentava pelo fato de não mais poder manejar a pena. Secretárias ocasionais substituíam-no nesse ofício. No entanto, a grande dificuldade para Denis, consistia em rever e corrigir as novas edições dos seus livros e dos seus escritos. Graças, porém, ao seu espírito de ordem e à sua incomparável memória, superava todos esses contratempos, sem molestar ou importunar os amigos.
Após a 1a. Grande Guerra, aprendeu braille, o que lhe permitiu fixar no papel os elementos de capítulos ou artigos que lhe vinham ao espírito, pois, nesta época da sua vida, estava, por assim dizer, quase cego.
Em Março de 1927, com 81 anos de idade, terminara o manuscrito que intitulou de “O Gênio Céltico e o Mundo Invisível”. Neste mesmo mês a “Revue Spirite” publicava o seu derradeiro artigo.
Terça-feira, 12 de Março de 1927 pelas 13horas, respirava Denis com grande dificuldade. A pneumonia atacava-o novamente. A vida parecia abandoná-lo, mas o seu estado de lucidez era perfeito. As suas últimas palavras, pronunciadas com extraordinária calma, apesar da muita dificuldade, foram dirigidas à sua empregada Georgette: “É preciso terminar, resumir e… concluir”. Fazia alusão ao prefácio da nova edição biográfica de Kardec. Neste preciso momento, faltaram-lhe completamente as forças, para que pudesse articular outras palavras. Às 21:00 horas o seu espírito alou-se. O seu semblante parecia ainda em êxtase.
As cerimônias fúnebres realizaram-se a 16 de Abril. A seu pedido, o enterro foi modesto e sem o ofício de qualquer Igreja confessional. Está sepultado no cemitério de La Salle, em Tours.
Dentre os grandes apóstolos do Espiritismo, a figura exponencial de Léon Denis merece referência toda especial, principalmente em vista de ter sido o continuador lógico da obra de Allan Kardec. Podemos afiançar mesmo que constitui tarefa sumamente difícil tentar biografar essa grande vida, dada a magnitude de sua missão terrena, na qual não sabemos o que mais salientar: a sua personalidade contagiante, o bom senso de que era dotado, a operosidade no trabalho, a dedicação ímpar aos seus semelhantes e o acendrado amor que devotava aos ideais que esposava.
Léon Denis foi o consolidador do Espiritismo. Não foi apenas o substituto e continuador de Allan Kardec, como geralmente se pensa. Denis tinha uma missão quase tão grandiosa quanto à do Codificador. Cabia-lhe desenvolver os estudos doutrinários, continuar as pesquisas mediúnicas, impulsionar o movimento espírita na França e no Mundo, aprofundar o aspecto moral da Doutrina e sobretudo consolidá-la nas primeiras décadas do Século. Nessa nova Bíblia ( o Espiritismo) o papel de Kardec é o sábio e o papel de Denis é o de filósofo. Léon Denis foi cognominado o APÓSTOLO DO ESPIRITISMO e pela magnífica atuação desenvolvida, pela palavra escrita e falada, em favor da nova Doutrina foi, também, o seu Consolidador O “filósofo do Espiritismo”, de acentuadas qualidades morais, dedicou toda unia longa vida à defesa dos postulados que Kardec transmitira nos livros do pentateuco espírita, O aspecto moral (religioso) da Doutrina, os princípios superiores da Vida, a instrução, a família, mereceram dele cuidados extremos e, por isso mesmo, sua vida de provações, exemplo de trabalho, perseverança e fé, é um roteiro de luz para os espíritas, diremos mais, para os homens de bem de todos os tempos. Em palavras de confiança e fé, ele mesmo resumiu assim a missão que viera desempenhar em favor de uma nobre causa: “Consagrei esta existência ao serviço de uma grande causa, o Espiritismo ou Espiritualismo moderno, que será certamente a crença universal, a religião do futuro”.
A sua bibliografia é bastante vasta e composta de obras monumentais que enriquecem as bibliotecas espíritas. Deve-se a ele a oportunidade ímpar que os espíritas tiveram de ver ampliados novos ângulos do aspecto filosófico da Doutrina Espírita, pois, as suas obras de um modo geral focalizam numerosos problemas que assolam os homens, e também a sempre momentosa questão da sobrevivência da alma humana em seu laborioso processo evolutivo. Léon Denis imortalizou-se na gigantesca tarefa de dissecar problemas atinentes às aflições que acometem os seres encarnados, fornecendo valiosos subsídios no sentido de lançar novas luzes sobre a problemática das tribulações terrenas, deixou de lado os conceitos até então prevalecentes para apresentá-la aureolada de ensinamentos altamente consoladores, hauridos nas fontes inesgotáveis da Doutrina dos Espíritos.
Dedicando-se ao estudo aprofundado do Espiritismo, em seu tríplice aspecto de ciência, filosofia e religião, demorou-se com maior persistência na abordagem do seu aspecto filosófico. Concomitantemente com os seus profundos estudos nesse campo, também deu a sua contribuição, valiosa na abordagem e estudo de assuntos históricos, fornecendo importantes subsídios no sentido de esclareceras origens celtas da França e no tocante ao dramático episódio do martírio de Joana D’Arc, a grande médium francesa. Seus estudos não pararam aí; ele preocupou-se sobremaneira com as origens do Cristianismo e o seu processo evolutivo através dos tempos.
Dentre as suas múltiplas ocupações, foi presidente de honra da União Espírita Francesa, membro honorário da Federação Espírita Internacional, presidente do Congresso Espírita Internacional, realizado em Paris, no ano de 1925. Teve também a oportunidade de dirigir durante longos anos, um grupo experimental de Espiritismo, na cidade francesa de Tours.
A sua atuação no seio do Espiritismo foi bastante diversa daquela desenvolvida por Allan Kardec. Enquanto o Codificador exerceu suas nobilitantes atividades na própria capital francesa, Léon Denis desempenhou a sua dignificante tarefa na província. A sua inusitada capacidade intelectual e o descortino que tinha das coisas transcendentais, fizeram com que o movimento espírita francês, e mesmo mundial, gravitasse em torno da cidade de Tours. Após a desencarnação de Allan Kardec, essa cidade tornou-se o ponto de convergência de todos os que desejavam tomar contato com o Espiritismo, recebendo as luzes do conhecimento, pois, inegavelmente, a plêiade de Espíritos que tinha por incumbência o êxito de processo de revelação do Espiritismo, levou ao grande apóstolo toda a sustentação necessária a fim de que a nova doutrina se firmasse de forma ampla e irrestrita.
Enquanto Kardec se destacou como uma personalidade de formação universitária, que firmou seu nome nas letras e nas ciências, antes de se dedicar às pesquisas espíritas e codificar o Espiritismo, Léon Denis foi um autodidata que se preparou em silêncio, na obscuridade e na pobreza material, para surgir subitamente no cenário intelectual e impor-se com conferencista o escritor de renome, tornando-se figura exponencial no campo da divulgação doutrinária do Espiritismo. Denis possuía uma inteligência robusta, era um Espírito preclaro, grande orador e escritor, desfrutando de apreciável grau de intuição. Referindo-se a ele, escreveu o seu contemporâneo Gabriel Gobron: “Ele conheceu verdadeiros triunfos e aqueles que tiveram a rara felicidade de ouvi-lo falar a uma assistência de duas ou três mil pessoas, sabem perfeitamente quão encantadora e convincente era a sua oratória.”
Denis jamais cursou uma academia oficial, entretanto, formou-se na escola prática da vida, na qual a dor própria e alheia, o trabalho mal retribuído, as privações heróicas ensinam a verdadeira sabedoria, por isso dizia sempre: “Os que não conhecem dessas lições, ignoram sempre um dos mais comovedores lados da vida.” Com o concurso de sua inteligência invulgar furtar-se-ia à pobreza, mas ele preferiu viver nela, pois em sua opinião era difícil acumular egoisticamente para si, aquilo que ele recebia para repartir com os seus semelhantes.
Com idade bastante avançada, cego e com uma constituição física relativamente fraca, vivia ainda cheio de tribulações. Nada disso, entretanto, mudava o seu modo de proceder Apesar de todas essas condições adversas, a todos ele recebia obsequioso. Desde as primeiras horas da manhã ditava volumosa correspondência, respondendo aos apelos das inúmeras sociedades que fundara ou de que era presidente honorário. Onde quer que comparecesse, ali davam-lhe sempre o lugar de maior destaque, lugar conquistado ao preço de profunda dedicação, perseverança e incansável operosidade no bem.
Fonte: https://mundomaior.wordpress.com/
Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti nasceu na freguesia de Riacho do Sangue (hoje Jaguaretama), Ceará, no dia 29 de Agosto de 1831.
Educado dentro de um padrão católico muito rígido, foi sempre muito bom aluno.
Foi para o Rio de Janeiro em 1851 estudar Medicina, tendo entrado em Novembro de 1852 no Hospital da Santa Casa da Misericórdia como praticante interno, sendo ajudante do grande cirurgião Dr. Manuel Feliciano Pereira de Carvalho.
Para poder pagar os estudos, dava explicações de Filosofia e Matemática. Doutorou-se em 1856 pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro defendendo a tese “Diagnóstico do Cancro”. Em todos os exames anuais até se formar teve sempre a nota mais alta dada pela Faculdade – “Optima cum laude”.
Em fins de Abril de 1857 candidatou-se a membro titular da Academia Imperial de Medicina, apresentando a memória “Algumas considerações sobre o cancro, encarado pelo lado do seu tratamento”, tendo sido aprovado e tomado posse a 1 de Junho desse ano. Em 1858 concorreu a uma vaga de lente substituto da Secção de Cirurgia da Faculdade de Medicina. Entre 1859 e 1861 redigiu os “Anais Brasilienses de Medicina” da Academia Imperial de Medicina.
A carreira política do Dr. Bezerra de Menezes iniciou-se em 1861, quando foi eleito vereador municipal do Rio de Janeiro pelo Partido Liberal. Na Câmara Municipal desenvolveu um grande trabalho a favor dos mais pobres. Foi reeleito para o período 1864-1868 e eleito Deputado Geral pelo Rio de Janeiro em 1867. Foi outra vez eleito vereador em 1873. Ocupou o cargo de presidente da Câmara do Rio de Janeiro, de Julho de 1878 a Janeiro de 1881 e candidatou-se à Câmara dos Deputados novamente em 1878, exercendo este cargo até 1885.
Foi membro honorário da Secção Cirúrgica da Academia Nacional de Medicina; do Instituto Farmacêutico e da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional; membro da Sociedade Geográfica de Lisboa e do Conselho do Liceu de Artes e Ofícios; foi sócio da Sociedade de Físico-Química, em cuja revista colaborou (1857); foi presidente da Sociedade de Beneficência Cearense, etc.
A luta pela abolição da escravatura intensificou-se em 1869, e a ela aderiu o Dr. Bezerra de Menezes, que fez uso da sua prudência e ponderação ao tratar do assunto. Em 1885 encerrou-se o seu período de vinte anos de actividade política.
O seu primeiro contacto com a Doutrina Espírita já se tinha dado dez anos antes, quando em 1875 o Dr. Joaquim Carlos Travassos (que fez a primeira tradução das obras de Allan Kardec), lhe ofereceu um exemplar d’ O Livro dos Espíritos. É ele próprio que, perplexo, conta o seguinte: “Eu lia; mas nele não encontrava nada que fosse novidade para o meu Espírito, apesar de tudo aquilo ser novo para mim!… Eu sabia que já tinha lido ou ouvido, tudo o que se estava escrito n’ “O Livro dos Espíritos”! Preocupei-me muito com este facto maravilhoso e comentava comigo próprio: é como se, inconscientemente, eu já fosse espírita…”.
Para torná-lo um adepto consciente, também contribuíram as extraordinárias curas que conseguiu em 1882, através do famoso médium receitista João Gonçalves do Nascimento, factos estes que foram referidos posteriormente na revista “Reformador”, o órgão da FEB (Federação Espírita Brasileira), de 15 de Outubro de 1892.
Entre 1885 e 1888 várias personalidades do meio espírita e da sociedade civil, realizaram conferências públicas, ao princípio na sede da FEB e depois no grande salão da “Guarda Velha”, situado na rua do mesmo nome, as quais atraíam imenso público, que engrossavam dia a dia as fileiras do Espiritismo. E foi no dia 16 de Agosto de 1886, que neste salão se registou um acontecimento que teve uma enorme repercussão nos meios político, médico e religioso: O Dr. Bezerra de Menezes, perante um auditório de mais de mil e quinhentas pessoas da melhor sociedade do Rio de Janeiro, proclamou solenemente a sua adesão ao Espiritismo. Eis uma parte do que o jornal “O Paíz” publicou a este respeito dois dias depois:
“O orador, discorrendo sobre os motivos que o levaram a abraçar a nova religião, fez uma brilhante comparação entre as teogonias romana e espírita, concluindo que esta, e não aquela, era o coroar da teodiceia (teologia racional) e da moral cristã. O orador manteve presa a atenção dos seus ouvintes durante mais de uma hora, os quais o aclamaram com uma salva de palmas ao abandonar a tribuna. O salão, que tem uma lotação para mais de 1.500 pessoas, estava completamente cheio.”
A revista “Reformador”, publicou na íntegra esta conferência nas suas edições de Setembro, Outubro e Novembro desse mesmo ano.
Desde então, dedicou a sua vida ao Espiritismo.
Sendo um bom escritor, passou a escrever artigos com temas espíritas. Aos domingos e sob o pseudónimo de Max, tinha uma secção no jornal “O Paíz” (que então era o mais lido do Brasil), intitulada “Estudos Filosóficos – O Espiritismo”, para a qual escreveu ininterruptamente entre Novembro de 1886 e Dezembro de 1893. Os seus textos fizeram época, inclusivamente os que publicou na revista “Reformador”, devido à dignidade e coragem com que defendia os seus pontos de vista e o Espiritismo.
Em 1889 assumiu pela primeira vez a Presidência da FEB (Federação Espírita Brasileira) e iniciou nas suas instalações o estudo sistemático e semanal d’ O Livro dos Espíritos. Em 1890 e 91, traduziu o livro “Obras Póstumas”, de Allan Kardec, publicado em 1892. E três anos mais tarde, a 3 de Agosto de 1895, depois de muita insistência por parte de várias personalidades espíritas, foi eleito pela segunda vez presidente da FEB, cargo que desempenhou até desencarnar.
Neste seu segundo mandato, imprimiu uma orientação essencialmente evangélica às tarefas da Federação, de acordo com as mensagens mediúnicas que lho recomendavam: “Não tendes outro dever que não seja o de estudar os Evangelhos à luz da Santa Doutrina” (Allan Kardec); “A missão dos espíritas no Brasil é divulgar o Evangelho em espírito e verdade” (Ismael); “Cada nação tem a sua tarefa. A vossa, a maior, é o Evangelho: tendes de educar os corações” (Urias). Recomeçou com o estudo d’ O Livro dos Espíritos nas instalações da FEB, que tinham parado desde que ele tinha deixado a direcção da Federação.
Escreveu diversos livros, entre os quais trabalhos doutrinários, políticos e históricos. Todos deixam transparecer a sua preocupação para com os pobres e necessitados.
Em Dezembro de 1899, o Dr. Bezerra de Menezes sofreu uma congestão cerebral de que não se recuperou. Mas enquanto esteve acamado, todos os dias muitas pessoas de todas as classes sociais, iam a sua casa visitá-lo ou simplesmente saber se estava melhor.
Desencarnou no dia 11 de Abril de 1900, pelas 11h30, na sua casa do Rio de Janeiro, no meio de uma extrema pobreza, mas levando consigo um passado brilhante recheado de glórias cívicas e, principalmente, espirituais.
Com efeito, de todas as elevadas posições que ocupou na vida pública brasileira, aquilo que mais engrandeceu e dignificou o Dr. Bezerra de Menezes foi o trabalho extraordinário que realizou em prol dos pobres e desamparados, de modo silencioso e modesto. Praticava tanto bem, que as pessoas lhe chamavam “o Médico dos Pobres”. Viveu e morreu muito modestamente, pois durante a sua vida distribuiu e repartiu com os pobres tudo aquilo que possuía.
Como Espírito, continua a viver em pleno a caridade e a humildade, levantando os abatidos, consolando os curvados sob as provas terrenas, orientando os espíritos endurecidos e inspirando-nos a todos para sermos indulgentes.
A sua bondosa assistência pode-se sentir nos livros e mensagens que ditou mediunicamente aos grandes médiuns Francisco Cândido Xavier e Yvonne do Amaral Pereira.
O Dr. Adolfo Bezerra de Menezes é o patrono das Associações Médico-Espíritas que têm Jesus e o Seu Evangelho como guia, e o seu exemplo de vida perante as aflições e os sofrimentos alheios, deve servir de inspiração aos médicos espíritas.
Fonte: Associação Médico-Espírita do Norte.
Eurípedes Barsanulfo nasceu em Sacramento, na região do Triângulo/Alto Paranaíba, Estado de Minas Gerais, em 1º de maio de 1880. Filho de Hermógenes Ernesto de Araújo e Jerônima Pereira de Almeida, manifestou bem cedo profunda inteligência e senso de responsabilidade, acervo conquistado naturalmente nas experiências de vidas pretéritas.
Ainda bem moço, porém muito estudioso e com tendências para o ensino, foi incumbido pelo seu mestre-escola de ensinar aos próprios companheiros de sala de aula.
Respeitável representante político de sua comunidade, tornou-se secretário da Irmandade de São Vicente de Paulo, tendo participado ativamente da fundação do jornal Gazeta de Sacramento e do Liceu Sacramentano. Logo, viu-se guindado à posição natural de líder, por sua segura orientação quanto aos verdadeiros valores da vida.
Não foi, de pronto, um espírita. Por meio de um dos seus tios, Mariano da Cunha (Tio Sinho) – de quem recebeu de presente o livro Depois da Morte, de autoria de Léon Denis -, Eurípedes tomou conhecimento da existência dos fenômenos espíritas e das obras da Codificação Kardequiana. Mariano fazia parte do grupo de pessoas que estudavam o Espiritismo na fazenda Santa Maria, propriedade localizada a cerca de 14 km de Sacramento.
Na sexta-feira da Paixão do ano de 1904, Eurípedes Barsanulfo, acompanhado do amigo José Martins Borges, foi assistir a uma sessão espírita na Fazenda Santa Maria, segundo narra Corina Novelino no livro Eurípedes, o Homem e a Missão.
Encantado com o que vira e sentira, dias depois, Eurípedes volta a Santa Maria, onde assiste a nova sessão. Na ocasião, recebeu de Vicente de Paulo uma mensagem que o convoca a assumir a Doutrina dos Espíritos. “Meu filho, as portas de Sacramento vão fechar-se para você. Os amigos afastar-se-ão. A própria família voltar-se-á. Mas, não se importe. Proclame sempre a Verdade, porque, a partir desta hora, as responsabilidades de seu Espírito se ampliarão ilimitadamente”, dizia o benfeitor.
Eurípedes, então, retorna a Sacramento, procura o vigário da Igreja Matriz onde prestava sua colaboração, e desliga-se da congregação Vicente de Paulo, colocando à disposição o cargo de secretário da Irmandade. Voltou totalmente suas atividades para a nova Doutrina, pesquisando e estudando, por todos os meios e maneiras, até desfazer totalmente suas dúvidas. É mal entendido por familiares e amigos.
Diante da repercussão de tais acontecimentos, em poucos dias, começou a sofrer as consequências de sua atitude incompreendida por familiares e amigos. Persistiu lecionando e, entre as matérias, incluiu o ensino do Espiritismo, provocando reação em muitas pessoas da cidade, sendo procurado pelos pais dos alunos, que chegaram a oferecer-lhe dinheiro para que voltasse atrás quanto à nova matéria e, ante sua recusa, os alunos foram retirados um a um.
MEDIUNIDADE
Sob pressões e perseguições de toda ordem, Eurípedes Barsanulfo sofreu forte trauma, retirando-se para tratamento e recuperação em uma cidade vizinha, época em que nele desabrocharam várias faculdades mediúnicas, em especial, a de cura. Um dos primeiros casos de cura ocorreu, justamente, com sua própria mãe, que, restabelecida, se tornou valiosa assessora em seus trabalhos.
A mediunidade de Eurípedes desenvolveu-se de forma notável, espontânea e multiforme, como só acontece com espíritos especialmente preparados para isto e que tenham uma missão especial, como a dele. Desdobramento, vidência, psicofonia, psicografia, curas, efeitos físicos, receituário foram surgindo e se tornando habituais em sua vivência.
A produção de vários fenômenos fez com que fossem atraídas para Sacramento centenas de pessoas de outras regiões. A todos Barsanulfo atendia e ninguém saía sem algum proveito, no mínimo, o lenitivo da fé e a esperança renovada.
A capacidade de desdobramento era tão comum em sua vida, que atendia enfermos que se encontravam em outros locais, entrando em transe e indo, em espírito, aonde estes se encontravam.
ESPIRITISMO E TRABALHO NO BEM
Sentindo a necessidade de divulgar o Espiritismo, Eurípedes fundou o Grupo Espírita Esperança e Caridade, no ano de 1905, tarefa na qual foi apoiado pelos seus irmãos e alguns amigos, passando a desenvolver trabalhos interessantes, tanto no campo doutrinário, como nas atividades de assistência social.
Algum tempo depois, sob a orientação de Bezerra de Menezes, fundou a Farmácia Espírita Esperança e Caridade, que era totalmente gratuita e cuja manutenção fazia-se com o salário do moço e com a ajuda espontânea de confrades abastados.
A farmácia contava, ainda, com laboratório próprio e Eurípedes adquiria os medicamentos homeopáticos e o instrumental necessários nas melhores firmas especializadas do ramo, em São Paulo e no Rio de Janeiro. Em nenhuma de suas atividades visava retorno pecuniário.
Recebia milhares de cartas, oriundas de todo o Brasil, trazendo comovedoras solicitações de enfermos do corpo e do espírito chegavam-lhe às mãos. E, em cada uma, Barsanulfo apunha receitas ou orientações de Bezerra, conforme a circunstância. Diariamente, eram enviados, para numerosas cidades do território nacional, pelos Correios, sob registro, centenas de remédios manipulados na farmácia.
No dia 1º de abril de 1907, Eurípedes fundou o Colégio Allan Kardec. A instituição se tornou verdadeiro marco no campo da educação, ensinando, entre outras disciplinas, Astronomia e Fundamentos da Doutrina Espírita.
O educandário tornou-se conhecido em todo o Brasil, tendo funcionado ininterruptamente desde a sua inauguração, com a média de 100 a 200 alunos, até o dia 18 de outubro, quando foi obrigado a fechar suas portas por algum tempo, devido à grande epidemia de gripe espanhola que assolou nosso país.
Entre 1907 e 1912, Eurípedes Barsanulfo foi vereador de Sacramento. Trabalhou, e muito, em beneficio da comunidade. Apesar de sua dedicação aos pobres, não foi compreendido por gente da Igreja e acabou sendo perseguido.
PERSEGUIÇÃO
Fortalecia-se o Movimento Espírita na região e esse fato incomodava sobremaneira o clero católico, passando este, inicialmente, de forma velada e logo após, declaradamente, a desenvolver uma campanha difamatória contra Eurípedes e o Espiritismo. Barsanulfo, por sua vez, defendeu suas ideias por meio das colunas do jornal Alavanca, discorrendo principalmente sobre o tema: “Deus não é Jesus e Jesus não é Deus”, com argumentação abalizada e incontestável.
Diante dos acontecimentos, a Igreja enviou a Sacramento, direto de Campinas, Estado de São Paulo, o Reverendo Feliciano Yague, famoso por suas pregações e conhecimentos, convencida de que as argumentações e convicções dele infringiriam o golpe derradeiro no Espiritismo. E foi assim que o referido padre desafiou Eurípedes para uma polêmica em praça pública, aceita e combinada em termos.
No dia marcado, o padre Yague iniciou suas observações insultando o Espiritismo e os espíritas: “doutrina do demônio e seus adeptos, loucos passíveis das penas eternas”; era um testemunho público do ódio e demonstração de intolerância e sectarismo.
Eurípedes, por sua vez, aguardou serenamente a oportunidade de falar, iniciando com uma prece sincera, humilde e bela, implorando paz e tranquilidade para uns e luz para outros, tornando o ambiente propício para inspiração e assistência do plano maior e, em seguida, iniciou a defesa dos princípios nos quais se alicerçavam seus ensinamentos.
Com delicadeza, lógica, e dando vazão à sua inteligência, descortinou os desvirtuamentos doutrinários apregoados pelo Reverendo, e foi corroborado pela manifestação alegre e ruidosa da multidão. Ao terminar a famosa polêmica e reconhecendo o estado de alma do Reverendo, Eurípedes aproximou-se dele e abraçou-o fraterna e sinceramente.
DESENCARNE
Eurípedes Barsanulfo seguiu com dedicação as máximas de Jesus Cristo até o último instante de sua vida terrena, por ocasião da pavorosa pandemia de gripe espanhola que assolou o mundo em 1918, ceifando vidas, espalhando lágrimas e aflição, redobrando o trabalho do grande missionário, que a previra muito antes de invadir o continente americano, sempre falando na gravidade da situação que ela acarretaria.
Vitimado pela referida doença, Barsanulfo desencarnou às 18 horas do dia 1º de novembro de 1918, aos 38 anos de idade, rodeado de parentes, amigos e discípulos. Manifestada em nosso continente, a gripe veio encontrá-lo à cabeceira de seus enfermos, auxiliando centenas de famílias pobres. Havia chegado ao término de sua missão terrena. Em verdadeira romaria, Sacramento em peso acompanhou-lhe o corpo material até a sepultura, sentindo que ele ressurgia para uma vida mais elevada e sublime.
Há quem afirme que Eurípedes, conhecido como o “Apóstolo do Triângulo”, fora a reencarnação do escravo Rufo, um cristão praticante que aparece no livro Ave Cristo, de Emmanuel, psicografia de Chico Xavier.
Eurípedes deixou uma história rica, humana e profunda. Continua ele sendo, no Plano Espiritual, um dos maiores missionários do Espiritismo.
Fonte: União Espírita Mineira.
No dia 25 de outubro de 1886 nascia na cidade de Muritiba, Maranhão, Humberto de Campos Veras. Conhecido como “Irmão X”, Campos foi um escritor, jornalista e político brasileiro.
Após a desencarnação de seu pai, Humberto de Campos foi morar na capital São Luís e aos 17 foi para o Pará, onde foi colaborador e redator da Folha do Norte e, pouco depois, na Província do Pará.
Em 1910, publicou seu primeiro livro que diz respeito a uma coletânea de versos intitulado “Poeira”. Já em 1912, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde começou a trabalhar no jornal O imparcial, além de ter conhecido escritores como Rui Barbosa, Goulart de Andrade, entre outros.
No ano de 1919 foi eleito para ocupar uma das cadeiras de número 20 da Academia Brasileira de Letras, no ano seguinte, foi eleito deputado federal pelo Maranhão.
Em seus últimos dias de vida sofreu com diversas enfermidades que acabaram enfraquecendo sua saúde, porém, ele nunca desistiu de escrever, sendo esse um dos períodos mais produtivos, onde escreveu o livro “Memórias”, que reunia lembranças de sua infância e juventude.
Humberto de Campos desencarnou no dia 5 de dezembro de 1934.
Cerca de três anos após o seu desencarne, Campos fez sua primeira comunicação através de Chico Xavier, escrevendo a obra “Crônicas Além do Túmulo”. Por conta deste livro, Chico enfrentou um processo judicial movido pela viúva dos escritos que queria os direitos autorais, pois a obra foi assinada por Humberto de Campos.
O juiz deu o parecer favorável ao médium, já que não seria possível provar que foi o espírito quem escreveu. E mesmo após este episódio, Humberto de Campos, por precaução, passou a assinar como Irmão X, e com as psicografias do médium, ele escreveu vários livros, por exemplo: “Brasil coração do mundo, Pátria do Evangelho”.
Fontes: academia; ebiografia; febeditora; mensagemespirita; Radio Boa Nova; TV Mundo Maior | Jornal Ciência Espírita.